07 maio, 2009

Visita do papa ao Oriente Médio

Mesmo dentro do Oriente Médio, barril de pólvora religioso - onde o islamismo é predominante - ainda há espaço para coexistência entre religiões.

Jornalista viaja ao Oriente Médio para acompanhar visita do papa à região.


Jordânia é considerada modelo de coexistência entre as religiões

07/05/2009 - 10:52 - Leandro Meireles Pinto, da Jordânia

MAR MORTO - O Reino Hashemita da Jordânia, primeira parada do papa Bento 16 durante sua visita ao Oriente Médio, é um país predominantemente muçulmano. Os jordanianos, no entanto, se orgulham em dizer que a tolerância religiosa e a boa convivência entre os povos é uma das características do país.

Cerca de 92% da população de 6,3 milhões de habitantes é composta de muçulmanos sunitas e outros 2%, de muçulmanos xiitas. Os cristãos são uma minoria de 6%, divididos especialmente entre gregos ortodoxos e católicos. Apesar de terem população menor, os cristãos compõem cerca de 15% do Parlamento jordaniano.

Em uma região que reúne o berço das três maiores religiões monoteístas - o cristianismo, o judaismo e o islamismo - a Jordânia é um país em que há convivência pacífica entre seus cidadãos de diferentes crenças.

"A Jordânia é um exemplo de relação entre as religiões. Existem as fronteiras políticas, mas a fé é uma só", afirma Salim Sayegh, bispo de Amã e autor do livro "Jordânia: o guia da peregrinação".


De acordo com o Vaticano, cerca de 109 mil católicos vivem na Jordânia. Durante a visita de Bento 16, diversos locais emblemáticos e sagrados para o cristianismo serão visitados e abençoados, como o Monte Nebo, onde, segundo a tradição cristã, Deus mostrou a Moisés a terra prometida, assim como Jerusalém (12 de maio), Belém (13) e Nazaré (14).

Mas o papa também tem espaço na agenda para contemplar outras religiões. No próximo sábado, Bento 16 terá um dos mais simbólicos eventos em sua agenda na Jordânia. Ele fará uma visita à mesquita Al Hussein bin Talal e se encontrará com líderes religiosos muçulmanos.

Desde 2006, quando Bento 16 fez um discurso no qual associava Maomé e o Islã à violência, a relação entre a cúpula da Igreja Católica e o Islã ficou estremecida. "Assim como fez na Turquia, ele visitará mais uma vez uma mesquita. Desta vez, na Jordânia. O gesto do papa de orar em uma mesquita foi um dos mais importantes e significativos. Mostrou a vontade de conversar e de paz de Bento 16", afirma o teólogo Fernando Altameyer, professor da PUC-SP.

Nada que possa abalar a convivência religiosa jordaniana, no entanto. Com uma grande quantidade de muçulmanos no país, é comum ver igrejas e mesquitas lado a lado, mulheres usando o shia, lenço que cobre a cabeça e os braços, ao lado de mulheres sem nehuma proteção.

"Um dos principais aspectos desta viagem do papa é o diálogo entre o Islã e o cristianismo. Aqui na Jordânia, nós não nos tratamos por diferenças religiosas. Nós não somos diferentes, somos irmãos", afirmou o padre padre Rifat Bader, porta-voz da Igreja Católica na Jordânia.

A Constituição garante liberdade religiosa ao povo e as escolas públicas e privadas recebem alunos cristãos, muçulmanos e judeus, sem fazer restrições à religião. "Somos cidadãos da Jordânia, não viemos de outro país. Nós não fazemos guetos cristãos ou muçulmanos. Vivemos juntos aqui há 1.400 anos", afirma o bispo Selim Sayegh.

"A Jordânia sempre foi um modelo de coexistência entre as religiões e é um exemplo que deve ser seguido pelo resto do mundo", conclui o padre Riaft Bader.

FONTE: http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/

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