25 fevereiro, 2010

Telefonia e internet no Brasil estão entre as mais caras do mundo


O preço que o brasileiro paga pelos serviços de telecomunicações (internet banda larga, telefonia fixa e celular) caiu no ano passado em relação a 2008. Mesmo assim, o Brasil ainda tem um dos custos mais altos do mundo para esses serviços e o acesso ao celular no Brasil ainda está uma década atrasado em comparação aos países lideres no uso da tecnologia.

O alerta faz parte do raio x anual produzido pela União Internacional de Telecomunicações sobre tecnologias da informação, considerada a avaliação mais completa do mercado. Para a entidade, o Brasil ainda não completou sua liberalização do mercado para operadores, e a falta de concorrência em algumas áreas ainda é um obstáculo. A taxa de penetração de celulares, por exemplo, é equivalente ao que Hong Kong, Itália, Luxemburgo ou Emirados Árabes tinham em 2000.

O Brasil subiu de forma marginal no ranking que mede a preparação de cada país em termos de tecnologia de comunicação, passando do 61º lugar para o 60º entre 2008 e 2009. Mas o País ainda não voltou à posição que tinha em 2002, quando estava entre as 50 economias mais competitivas nesse setor. O motivo da queda seria a relativa baixa educação da população, que prejudica o uso de novas tecnologias.

Outro fator é o custo ainda cobrado por operadoras que prestam serviços de comunicações. No geral, um brasileiro gasta 4,1% de sua renda para pagar por tecnologias de comunicação, taxa superior à de 86 outros países. A taxa é a pior entre os países do Bric, e perde também para Argentina e Irã, por exemplo. Proporcionalmente, um brasileiro gasta mais de dez vezes o que um cidadão europeu ou canadense gasta para se comunicar. Mas a boa notícia é que o custo vem caindo. Em 2008, o custo era de 7,6% da renda do brasileiro.

Segundo a UIT, o preço médio do serviço celular no Brasil caiu 25% em comparação à renda da população - mesma queda verificada na média mundial. Hoje, um brasileiro gasta em média 5,66% da renda para usar o serviço, contra 7,5% em 2008. A taxa é mais de cinco vezes a que as operadoras cobram na Europa, e apenas 40 países de um total de 161 economias analisadas tem serviço de telefonia móvel mais cara que o Brasil - quase todos as economias mais pobres do mundo. Em Mianmar, por exemplo, o custo do celular chega a 70% da renda média de um cidadão.

Entre 2008 e 2009, o Brasil foi um dos 20 países que mais cortaram custos com celulares. Mas, ainda assim, todos os países do Bric e todos os sul-americanos pagam menos pelo celular que os brasileiros. A Bolívia é a única na região que tem um celular mais caro. Macau, Hong Kong, Dinamarca e Cingapura são os locais mais baratos para o celular, onde o serviço é responsável por meros 0,1% da renda média.

Hoje, 78% dos brasileiros têm um celular, contra 63% em 2008. Em 2002, essa taxa era de 19,5%. Em 2009, 4,6 bilhões de celulares estavam em funcionamento no planeta. Este ano, o número chegará a 5 bilhões.

No Brasil, o preço do telefone fixo ainda sofreu a segunda maior queda no mundo entre 2008 e 2009. A redução foi de 63%, superado apenas pela Rússia. O custo médio passou de 5% da renda de uma família para 2,1% em 2009. Diante da queda, o número de telefones aumentou. Em 2007, eram 20% da população com telefone fixo. Em 2008, essa fatia chegou a 21,7%. Mas 85 países ainda têm tarifas mais baratas que as do Brasil.

INTERNET

Em termos de acesso à internet em banda larga, a UIT aponta que os custos no Brasil estão bem acima da média dos países ricos. Uma assinatura de banda larga exigia 9,6% da renda de um brasileiro em 2008. Em 2009, a taxa caiu para 4,58% da renda, uma redução de 52%.

Entre todos as economias analisadas, a UIT estima que 70 países têm um serviço de internet mais barato que o do Brasil. Outros 91 países têm uma internet ainda mais cara que no País, entre eles a China e Índia, em comparação à renda.

Para a UIT, o acesso à banda larga é o real espelho do desenvolvimento de um País na difusão da internet. E, nesse critério, a situação brasileira ainda está longe do ideal. O acesso passou de 4% da população em 2007 para 5,2% em 2008. No Brasil, o custo médio é de US$ 28,00. Nos países mais caros, a banda larga ainda pode custar US$ 1,8 mil por mês, como em Burkina Fasso, ou US$ 1,6 mil em Cuba.

As informações são do jornal O Estado de S.Paulo


FONTE: http://br.noticias.yahoo.com/

24 fevereiro, 2010

Roubo de água na Amazônia: especulação ou realidade?

A água da Amazônia está sendo roubada?

Estima-se que 1,5 bilhão de seres humanos já não disponham de água suficiente para suas necessidades essenciais. Significa que, de cada 5 habitantes da Terra, um não tem água nem para beber. Esse contingente, que equivale à população do maior país do mundo, a China, vai precisar resolver esse problema vital de alguma maneira. Pela via pacífica ou através da força. A próxima guerra será pela água, anuncia um número crescente de profetas, baseados mais na correlação lógica de fatores do que numa análise minuciosa e específica das situações.

Este é o mesmo método que utilizam para apontar o sítio dessa próxima guerra: a Amazônia. Nada mais lógico: a bacia amazônica, que se espraia por nove países da América do Sul, mas tem dois terços das suas águas drenadas no território do Brasil, representa 68% da massa de água doce superficial do nosso país e de 8% a 25% (conforme as diferentes avaliações) do total do planeta. Sua principal riqueza ou está escondida no subsolo, em depósitos de minérios, ou na sua floresta tropical, um terço do que ainda subsiste sobre a superfície terrestre. E a mais rica em biodiversidade. Um tesouro difícil de ser protegido, sujeito a todas as formas de roubo.

A mais nova seria a do bem mais abundante e de fácil apropriação. Seguidas denúncias, apregoadas pelas vozes mais distintas, têm assegurado que já seria “assustador” o tráfico de água doce da Amazônia para o exterior. O alerta mais recente foi feito no final do ano passado pela revista jurídica Consulex. Ela garantia que algumas empresas já praticam com desenvoltura essa forma de roubo, que já tem denominações como hidropirataria e bioinvasão.

A atividade ilegal estaria sendo praticada por navios com capacidade de armazenar 250 milhões de litros (ou 250 mil metros cúbicos) de água, que uma empresa da Noruega forneceria para clientes na Grécia, Oriente Médio, Ilha da Madeira e Caribe. Por sair pela metade do custo da dessalinização, o roubo de água teria se tornado atraente no comércio com países carentes de água doce superficial.

A matéria da revista é rica em detalhes e conjecturas, mas não o bastante para convencer sobre o que relata, ecoando denúncias já numerosas. Claro que o acervo de água da Amazônia é questão transcendental. Exige atenção, seriedade, prioridade e investimentos. Todos esses elementos são de enorme deficiência atualmente. O Brasil tem mais de 120 comitês de bacia. Só um deles fica na Amazônia e tem ação urbana, na cidade de Manaus. É um despropósito paradoxal com o significado mundial da bacia amazônica.

Os escassos investimentos em manejo de água na região não permitem um conhecimento adequado sobre os seus recursos hídricos. O interesse mundial cresce numa velocidade muito superior à da atenção nacional. Mesmo as denúncias mais detalhadas, como a da Consulex, porém, ainda se revelam meramente especulativas, quando não totalmente fantasiosas. Devem servir de alerta para o problema, se – e quando – ele surgir.

Até agora, não há nenhum caso comprovado de roubo de água amazônica em território nacional, incluindo o mar de 200 milhas. Os grandes navios (1.200 por ano) entram na região em busca de outros recursos naturais, principalmente minérios e madeira, atracando em cinco portos de grande movimentação. Não têm espaço característico – nem tonelagem necessária – para acumular água – e em escala comercial.

A única área que poderia proporcionar essa pirataria é a foz do Amazonas, onde está a maior ilha fluvial do mundo, a de Marajó, com 50 mil quilômetros quadrados. Nela, o grande rio chega a despejar mais de 200 milhões de litros de água por segundo, no auge da cheia. Não há qualquer caso concreto de um superpetroleiro que tenha estacionado nesse local para se abastecer de um volume como os 250 milhões de litros citados. Pode parecer muito, mas esse volume de água equivale a menos de meio segundo de descarga na vazão máxima natural que o rio Tocantins já alcançou no local onde foi construída a barragem da hidrelétrica de Tucuruí, a quarta maior do mundo, em 1980.

Não parece um grande negócio, capaz de justificar o investimento e o risco, ainda que o patrulhamento da costa amazônica seja deficiente (o que induziu no projeto de criação da nova esquadra da Marinha, prevista para ter sua sede em São Luís do Maranhão e não em Belém, como pareceria mais lógico). A Capitania dos Portos do Pará assegura que fiscaliza todos os navios que entram e saem da região e que, por amostragem, acompanha a qualidade da água que carregam em seus porões como lastro. As normas internacionais autorizam essa operação, que constitui prática comum e nada tem a ver com objetivo comercial ou mesmo roubo com objetivo científico.

A água que o Amazonas despeja no Oceano Atlântico é rica em material particulado em suspensão. Mas qualquer pequena coleta pode ser suficiente para um estudo completo sobre o que contém – e isso é feito por meios legais, normais e saudáveis (embora não na escala recomendável). Quanto ao uso para outros fins, pelo menos para a costa dos Estados Unidos, o Amazonas já dá sua contribuição em larga escala – e gratuita. Avançando até 100 quilômetros no oceano, suas águas derivam para o norte pela força da corrente marítima, indo parar no litoral da Flórida.

Se não é para nos roubar água potável (com volumosa quantidade de sólidos em suspensão), então essa pirataria seria para recolher água rica em nutrientes para algum objetivo ainda não identificado (e, talvez, jamais identificável, por irreal). O campo ainda está aberto à imaginação e à especulação. Para delimitá-lo, a melhor atitude para o bem do país é, sem deixar de se manter atento, investir no conhecimento dos nacionais sobre sua própria riqueza.

O Brasil deve acompanhar com atenção e sempre com atualização o que pensam (e o que fazem) os estrangeiros sobre a – e na – Amazônia. Dispondo de mais recursos e com objetivos mais bem definidos, eles podem servir de espelho para refletir melhor o que os brasileiros e, em particular, os amazônidas, nem sempre conseguem ver, por falta de meios humanos, técnicos e científicos equivalentes.

O mais importante, porém, é saber e acompanhar o que os próprios nacionais pensam ou fazem, em numerosos casos dilapidando os recursos naturais ou os utilizando de forma irracional. Campeão em estoque de água doce do mundo, o Brasil é medíocre no seu manejo. Em Belém, que, por sua localização, serve de porta de entrada da Amazônia, um dos problemas que sua população – de quase 1,5 milhão de habitantes – enfrenta é a falta de água boa para beber, apesar da vasta massa que forma o estuário onde ela se situa. Este é o triste paradoxo atual, cuja visualização e compreensão as sempre vivas teorias conspirativas dificultam.

FONTE: http://colunistas.yahoo.net/posts/521.html

23 fevereiro, 2010

Farinha pouca, meu pirão primeiro...

Terra é incapaz de acompanhar ritmo atual de consumo de carnes e pescado

No topo absoluto da cadeia alimentar, os seres humanos se dão ao luxo de comer de tudo, mas a um preço elevado: a pesca massiva está levando as espécies marinhas à extinção, e a piscicultura polui a água, o solo e a atmosfera - o que precisa fazer com que mudemos de hábitos.

Alimentar a humanidade - nove bilhões de indivíduos até 2050, segundo as previsões da ONU - exigirá uma adaptação de nosso comportamento, sobretudo nos países mais ricos, que precisarão ajudar os países em desenvolvimento.

Segundo um relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), publicado nesta quinta-feira, a produção mundial de carne deverá dobrar para atender à demanda mundial, chegando a 463 milhões de toneladas por ano.

Um chinês que consumia 13,7 kg de carne em 1980, por exemplo, hoje come em média 59,5 kg por ano. Nos países desenvolvidos, o consumo chega a 80 kg per capita.

"O problema é como impedir que isso aconteça. Quando a renda aumenta, o consumo de produtos lácteos e bovinos segue o mesmo caminho: não há exemplo em contrário no mundo", destacou Hervé Guyomard, diretor científico em Agricultura do Instituto Nacional de Pesquisa Agrônima da França (INRA), responsável pelo relatório Agrimonde sobre "os sistemas agrícolas e alimentares mundiais no horizonte de 2050".

Atualmente, a agricultura produz 4.600 quilocalorias por dia e por habitante, o suficiente para alimentar seis bilhões de indivíduos.

Deste total, no entanto, 800 se perdem no campo (pragas, insetos, armazenamento), 1.500 são dedicadas à alimentação dos animais - que só restituem em média 500 calorias na mesa - e 800 são desperdiçadas nos países desenvolvidos.

Por outro lado, o gado custa caro ao meio ambiente: 8% do consumo de água, 18% das emissões de gases causadores do efeito estufa (mais que os transportes) e 37% do metano (que colabora para o aquecimento do clima 21% mais que o CO2) emitido pelas atividades humanas.

E, mesmo que seja fonte essencial de proteínas, a carne bovina não é "rentável" do ponto de vista alimentar: "são necessárias três calorias vegetais para produzir uma caloria de carne de ave, sete para uma caloria de porco e nove para uma caloria bovina", explicou Guyomard.

Desta maneira, mais de um terço (37%) da produção mundial de cereais serve para alimentar o gado - 56% nos países ricos - segundo o World Ressources Institute.

Seria o caso, então, de reduzir o consumo de carne e substitui-lo pelo peixe?

Os oceanos não podem ser considerados uma despensa inesgotável, estimou Philippe Cury, diretor de pesquisas do Instituto de Pesquisas para o Desenvolvimento (IRD).

O número de pescadores é duas a três vezes superior à capacidade de reconstituição das espécies.

No atual ritmo, a totalidade das espécies comerciais haverá desaparecido em 2050.


FONTE: http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/

14 fevereiro, 2010

Raios que o partam!

Aquele ditado que diz que raio não cai duas vezes no mesmo lugar pode ser meio furado. E pode haver relação com a crise climática sofrida pelo planeta. Quem quiser que fique parado...


Brasil é campeão mundial de incidência de raios: 57 milhões em dez anos

Registro de pessoas mortas por fenômeno contabiliza 1.321 vítimas.
Cientistas do Inpe vão estudar eventual relação com crise climática.

O Brasil está em primeiro lugar na lista de ‘alvos’ de raios em todo o mundo. Em uma década, recebeu aproximadamente 57 milhões de descargas, que mataram 1.321 pessoas. Os números são do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os cientistas também detectaram uma tendência de alta do fenômeno natural em território brasileiro e avaliam, agora, sua relação com as mudanças climáticas que afetam o planeta.

A hipótese é que cada grau de aquecimento da temperatura média global resulta em alta de 10% a 20% na incidência de raios. Osmar Pinto Júnior, coordenador do Elat, e sua equipe começaram um estudo específico para confirmar ou descartar essa relação. Os trabalhos científicos seguem até 2013.

Segundo o pesquisador, a motivação para o estudo veio de uma conferência do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática ( IPCC ) em 2007. “No encontro, foi levantada a hipótese de que os raios aumentariam o efeito estufa ao provocar mais incêndios em florestas, que por sua vez liberariam mais dióxido de carbono, alimentando um ciclo contínuo”, explica.

O projeto vai usar três fontes principais de dados: a Rede Integrada Nacional de Detecção de Descargas Atmosféricas (Rindat, com quase 60 sensores), informações do satélite Tropical Rainfall Measuring Mission (missão de mensuração de chuva tropical) e notações históricas (os primeiros registros datam de 1780, da cidade do Rio).

Para analisar as informações, o Inpe contará com quatro parceiros nos Estados Unidos: a Nasa, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) e a Universidade do Arizona.

O projeto também vai analisar a influência do Sol . Em ciclos de cerca de 11 anos aumentam as manchas na superfície solar e com elas o índice de radiação lançado pela estrela. Na Terra, isso é sentido por meio de alterações das partículas da atmosfera. “São elas que facilitam ou não a formação de gelo nas nuvens e os raios só ocorrem quando existe gelo no interior das nuvens”, diz Pinto Júnior.

A próxima ocorrência de aumento das manchas solares está prevista para 2012. (Bem na época em que foi prevista pelos maias o fim do Catum 13 -conhecido por muitos como o fim dos tempos dessa raça...) Coincidência também, ou não, no filme Presságio estrelado por Nicolas Cage, o mundo era literalmente torrado por uma explosão de radiação do Sol em direção à Terra (pequena pra ele, mas pra Terra...)

13 fevereiro, 2010

Leonardo Da Vinci - o mistério da Monalisa

Grande artista e inventor dentre outras atribuições, Da Vinci até hoje desperta curiosidade e espanto. A semelhança do gênio com a imagem da sua obra mais conhecida - a Monalisa - ainda continua atraindo atenção, estudos e muito dinheiro na tentativa de desvendar o mistério .


Cientistas querem exumar Da Vinci para provar semelhança com Mona Lisa

Pesquisadores querem reconstruir rosto de artista para testar teoria de que quadro seria autorretrato.

Um grupo de pesquisadores italianos quer exumar o corpo de Leonardo da Vinci para reconstruir o rosto do artista e confrontar a teoria de que o famoso quadro Mona Lisa seria um autorretrato.

A teoria ganhou força com sobreposições feitas de um autorretrato oficial de Leonardo com o rosto de Mona Lisa no quadro. Os estudos apontaram para diversos pontos e traços em comum entre as duas faces.

Os cientistas do Comitê Nacional para a Valorização dos Bens Históricos, Culturais e Ambientais da Itália pretendem exumar a ossada do pintor e, a partir da face, reconstruir sua cabeça."Somente a partir deles será possível reconstruir o rosto de Leonardo e confrontá-lo com o autorretrato conhecido dele e com a Mona Lisa", disse à BBC Brasil o antropólogo da Universidade de Bolonha Giorgio Gruppioni, um dos responsáveis pela pesquisa.A identidade da pessoa retratada no famoso quadro é tida como um dos grandes mistérios do mundo das artes. As teorias mais comuns são as de que La Gioconda seria a mãe de Leonardo ou a mulher de um mercador de Florença.

Restos mortais

Mas os cientistas terão de enfrentar vários desafios para recriar o rosto de Da Vinci. O primeiro será encontrar os restos mortais do artista.

Leonardo da Vinci morreu em 1519, aos 67 anos, e teria sido enterrado no castelo de Amboise, no vale do Loire, na França. Os proprietários do imóvel devem abrir suas portas para os estudos nos próximos meses.

Como o local foi alvo de saques ao longo dos séculos, não há certeza de que a sepultura seja mesmo a de Leonardo da Vinci
.

Justamente por isso, os herdeiros do castelo nunca incluíram a informação nos panfletos turísticos locais."Ali está escrito que, talvez, ele esteja enterrado ali. A ideia é demonstrar que aqueles ossos, existindo, sejam de Leonardo. Temos que retirar o material e analisá-lo", afirmou Gruppioni.O presidente do Comitê, Silvano Vincenti, iniciou o projeto quatro anos atrás. "As negociações continuam e esperamos que tudo dê certo. Temos tecnologia para avaliar sem fazer maiores escavações. Usaremos incursões com microssondas, uma câmera para filmar o interior da tumba e exames de imagens tridimensionais para verificar o estado da tumba e nos certificarmos da presença de ossos", afirmou ele à BBC Brasil.A etapa seguinte seria comprovar se os ossos, caso sejam mesmo encontrados, são de Da Vinci. Para isso, os pesquisadores estão na busca por descendentes vivos, o que é pouco provável, ou por familiares sepultados nos cemitérios da Itália, com maior probabilidade nos arredores de Bolonha. Essa é a parte mais complexa da pesquisa. "Ao extrair o DNA dos ossos teremos que compará-lo com o de alguém que tenha tido um grau de parentesco com Leonardo da Vinci", explica Gruppioni.Um ponto de partida já foi identificado mas ainda precisa ser melhor avaliado. "Encontramos um pintor, que seria um descendente de linha paterna de Leonardo da Vinci, enterrado em Bolonha, na virada dos séculos 15 e 16, mas temos que aprofundar a pesquisa", disse Vincenti.

Crânio

O último passo será a reconstrução do crânio, que poderá estar fragmentado. A equipe usará sistemas virtuais e métodos de morfologia para recompor as partes ausentes. "Podemos hoje dar respostas que dez anos atrás não seriam imagináveis", diz Vincenti.

A partir dos crânio, a face será restaurada em um computador e depois modelada em plástico. "O rosto é modelado segundo um protocolo de antropologia forense que requer a mão artística para dar forma às partes moles, de acordo com critérios anatômicos e científicos que não deixam espaço para a livre interpretação", explica Gruppioni.No caso da relação entre Mona Lisa e Da Vinci, Gruppioni se diz cético. "Não tenho elementos para afirmar que Leonardo, quando pintou a Mona Lisa, tenha decidido incluir traços seus. Acho pouco plausível, mas devemos investigar", disse ele, mais preocupado em desvendar o rosto de Leonardo da Vinci do que em constatar se ele tinha traços efeminados ou se teria sido homossexual."Acho que teremos fila para visitar a tumba de Leonardo caso a pesquisa chegue ao final com sucesso e desvende mais este mistério", concluiu.

FONTE: http://g1.globo.com/

Especial de Carnaval - A praga da dança


‘Praga da dança’ matou centenas de habitantes de Estrasburgo em 1518

Epidemia começou em julho, com mulher bailando sem parar por 6 dias.
Transe acabou envolvendo centenas de pessoas e durou até setembro.


Em julho de 1518, a cidade francesa de Estrasburgo, na Alsácia (então parte do Sacro Império Romano-Germânico) viveu um carnaval nada feliz. Uma mulher, Frau Troffea (dona Troffea), começou a dançar em uma viela e só parou quatro a seis dias depois, quando seu exemplo já era seguido por mais de 30 pessoas. Quando a febre da dança completava um mês, havia uns 400 alsacianos rodopiando e pulando sem parar debaixo do Sol de verão do Hemisfério Norte. Lá para setembro, a maioria havia morrido de ataque cardíaco, derrame cerebral, exaustão ou pura e simplesmente por causa do calor. Reza a lenda que se tratava de um bloco carnavaleso involuntário: na realidade ninguém queria dançar, mas ninguém conseguia parar. Os enlutados que sobraram ficaram perplexos para o resto da vida.

Para provar que a epidemia de dança compulsiva não foi lenda coisa nenhuma, o historiador John Waller lançou, 490 anos depois, um livro de 276 páginas sobre o frenesi mortal: “A Time to Dance, A Time to Die: The Extraordinary Story of the Dancing Plague of 1518”. Segundo o autor, registros históricos documentam as mortes pela fúria dançante: anotações de médicos, sermões, crônicas locais e atas do conselho de Estrasburgo.

Um outro especialista, Eugene Backman, já havia escrito em 1952 o livro "Religious Dances in the Christian Church and in Popular Medicine". A tese é que os alsacianos ingeriram um tipo de fungo (Ergot fungi), um mofo que cresce nos talos úmidos de centeio, e ficaram doidões. (Tartarato de ergotamina é componente do ácido lisérgico, o LSD.)

Waller contesta Backman. Intoxicação por pão embolorado poderia sim desencadear convulsões violentas e alucinações, mas não movimentos coordenados que duraram dias.

O sociólogo Robert Bartholomew propôs a teoria de que o povo estava na verdade cumprindo o ritual de uma seita herética. Mas Waller repete: há evidência de que os dançarinos não queriam dançar (expressavam medo e desespero, segundo os relatos antigos). E pondera que é importante considerar o contexto de miséria humana que precedeu o carnaval sinistro: doenças como sífilis, varíola e hanseníase, fome pela perda de colheitas e mendicância generalizada. O ambiente era propício para superstições.

Uma delas era que se alguém causasse a ira de São Vito (também conhecido por São Guido), ele enviaria sobre os pecadores a praga da dança compulsiva. A conclusão de Waller é que o carnaval epidêmico foi uma “enfermidade psicogênica de massa”, uma histeria coletiva precedida por estresse psicológico intolerável.

Outros seis ou sete surtos afetaram localidades belgas depois da bagunça iniciada por Frau Troffea. O mais recente que se tem notícia ocorreu em Madagascar na década de 1840.

FONTE: http://g1.globo.com/