Alguns novos projetos sustentáveis prometem suficiência energética, mas têm difícil acesso ao mercado
Quando se pensa em projetos inovadores para geração de energia, a imaginação vai longe. Algumas iniciativas surpreendem pela tecnologia avançada e eficiência. Mas fica a pergunta: qual é o preço a se pagar por uma solução energética sustentável?
O jornal britânico The Guardian divulgou 20 projetos com potencial para combater a crise energética e climática. Um deles é uma grande estação de placas que concentra os raios solares de desertos, onde o sol é mais forte, e os converte em energia elétrica a partir do calor refletido por espelhos. O coordenador do Desert Project, Gerry Wolff, garante que menos de 1% da área dos desertos do mundo é suficiente para produzir, a partir dessas placas, energia equivalente à consumida atualmente em todo o mundo.
A energia gerada em desertos poderia ser transferida, através de cabos de alta tensão, para centros populacionais distantes ou usinas de energia eólica, hidrelétricas e plantas geotérmicas, que gerariam energia renovável de forma mais barata.
Outro projeto reportado foi o de extração de energia a partir de turbinas marinhas. O equipamento funciona como moinhos de vento, mas de baixo d’água. O equipamento funciona melhor em países onde o fluxo de ondas é mais intenso, mas futuramente deverá funcionar bem no fundo do oceano, o que seria mais produtivo em lugares como o noroeste do Pacífico.
O site LiveScience apresenta projetos que prometem produzir grande quantidade de energia, como o que usa placas eletrônicas, apelidadas de pipas, posicionadas em altitudes elevadas, para gerar energia a partir dos ventos. Também estão sendo desenvolvidas plantas de conversão do calor da superfície do mar. O calor aquece fluídos, cujos gases são usados para comandar turbinas de produção de eletricidade.
Os projetos são, de fato, grandiosos nas intenções. Mas de que adianta grandes ideias se o acesso dos produtos ao mercado é difícil? O Guardian aponta que o maior impasse a experiências deste tipo é o alto custo para viabilizá-las. “Infelizmente, a verdade é que grandes ideias, sozinhas, não são suficientes para transformar o modo como nós geramos energia ou as indústrias que emitem muito carbono. Se empreendedores querem ver suas ideias vigorar, é essencial achar o caminho certo nesta jornada”, afirma Garry Staunton, diretor de tecnologia da empresa The Carbon Trust, em artigo do Guardian.
Os empreendedores de programas de geração de energia precisam vencer alguns obstáculos para atingir o sucesso comercial. O primeiro deles é fazer a tecnologia funcionar fora do laboratório. A dificuldade aumenta quando é preciso provar que o conceito possa ser reproduzido em uma escala comercial maior. No caso das baterias solares, por exemplo, o problema é fazer com que a tecnologia, que é reconhecidamente eficiente, seja fabricada a baixo custo.
Daí para que o produto seja comercializado, ainda deve-se enfrentar o problema da demanda, ou seja, o princípio comercial da oferta e procura, ao mesmo tempo em que ele deve ter cumprir condições de escala e preço acessível. “A realidade é que os melhores inventores nem sempre são os melhores líderes de negócios. Assim, a chave é atrair fundos e experiências certas de uma perspectiva comercial e produtiva”, completa Staunton. Em resumo, ainda é necessário acrescentar às inovações uma visão comercial para que elas contribuam para uma melhoria real no modo como se gera energia.
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