Gaza, 27 dez (EFE).- Pelo menos 200 pessoas morreram e 750 ficaram feridas hoje em um ataque aéreo em massa em Gaza, no que foi a operação militar israelense mais violenta contra os palestinos em 40 anos.
"Não há registro de um dia mais mortífero desde a guerra de 1967. Israel não tinha matado, desde então, tanta gente em um só dia", afirmou Moawiya Hasanie, chefe dos serviços médicos de Gaza e coordenador da ajuda às vítimas.
Cerca de 50 aviões e helicópteros da Força Aérea israelense participaram do ataque, que aconteceu pouco antes do meio-dia (hora local), durou apenas dois minutos e destruiu 30 prédios.
Além da Cidade de Gaza, a operação militar israelense incluiu alvos em outras localidades da Faixa, como Khan Yunis e Rafah, e entre os mortos há várias autoridades do Hamas.
No ataque, morreram o responsável da Polícia do Hamas em Gaza, Tawfiq Jaber, o chefe da Segurança do Hamas, Ismail al-Jaabari, e o governador da circunscrição de Al-Wusta, na Gaza Central, Ahmad Abu Aashur.
"Foi como um terremoto, em instantes os edifícios vieram abaixo e os carros arderam em chamas", contou o comerciante Ahmed Ghannam.
A maioria dos imóveis atingidos pertencia ao Hamas ou era sede das forças de segurança do movimento islâmico, muitos deles situados em áreas residenciais.
O ataque causou pânico entre a população das áreas afetadas, e a televisão local mostrou imagens de civis pedindo vingança entre edifícios transformados em escombros, de onde apareciam corpos de policiais com o uniforme preto do Hamas.
Os centros médicos de Gaza ficaram sobrecarregados pela chegada dos mortos e feridos, até o ponto que, no principal hospital da Cidade de Gaza, Shifa, algumas vítimas eram atendidas nos corredores por falta de leitos suficientes.
O bombardeio ocorreu dois dias depois que o Governo israelense decidiu empreender uma operação militar em grande escala em Gaza se os grupos armados palestinos continuassem lançando foguetes contra seu território.
Segundo a imprensa israelense, a execução dessa intervenção militar aconteceria a partir de domingo, para dar tempo às autoridades egípcias de realizar uma última tentativa de mediação entre Israel e Hamas.
A mediação egípcia tinha o objetivo de renovar a trégua que as duas partes assinaram em junho e concluiu no último dia 19 sem que tivesse sido acordada sua continuidade.
Após o ataque, porta-vozes do Hamas anunciaram que o movimento continuaria resistindo "até a ultima gota de sangue".
Pouco depois do alerta, os grupos armados palestinos de Gaza lançaram mais de 20 foguetes artesanais sobre as cidades israelenses que fazem divisa com a Faixa.
Uma mulher da localidade de Netivot morreu ao ser atingida por um dos projéteis, que, segundo os serviços médicos israelenses, deixou outras quatro pessoas feridas.
O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, não descartou que os ataques do Exército do Estado judeu em Gaza "prossigam e se ampliem se for necessário" nos próximos dias.
"Há um momento para tréguas e um momento para o combate. Agora é o momento do combate", disse.
Barak ordenou que as povoações israelenses divisórias a Gaza permaneçam em "estado de alerta", e antecipou que os próximos dias "serão difíceis".
Já a ministra de Exteriores israelense, Tzipi Livni, convocou à tarde uma entrevista coletiva em Tel Aviv na qual ressaltou que o país "não tem outro remédio" além de recorrer à força para desmantelar a infra-estrutura do Hamas.
O massacre de Gaza causou revolta na Cisjordânia, onde o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, condenou em Ramala o ataque e pediu o fim da operação militar israelense.
No final da tarde, a condenação tinha se estendido às ruas em cidades cisjordanianas como Belém, cujas autoridades municipais ordenaram a suspensão das festividades populares organizadas por ocasião do Natal.
Já em Jerusalém Oriental (árabe), grupos de jovens palestinos atiraram pedras contra as forças de ordem do Estado judeu.FONTE: http://br.noticias.yahoo.com/s/27122008/40/mundo-no-pior-ataque-40-anos.html
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