Oceano de Plástico
Por Kitt Doucette
Dejetos gerados pelo mundo todo formaram um enorme lixão flutuante que tem quase o tamanho do Amazonas – e está voltando para o continente
"Bem-vindos ao futuro", diz o capitão Charles Moore, comandante de uma embarcação de pesquisa de 25 toneladas chamada Alguita. Ele está no porto da bacia de Kewalo, no litoral sul de Oahu, no Havaí, segurando uma jarra cheia com um líquido amarelo turvo. Pedacinhos de dejetos flutuam no líquido, uma massa anuviada de lixo. A maior parte é plástico. "Esta aqui é a aparência dos nossos oceanos hoje", Moore prossegue, com sua fala arrastada de marinheiro. "Esta amostra foi colhida no Pacífico, a cerca de 1.600 quilômetros de Los Angeles, na direção oeste-sudoeste. Mas eu preciso enfatizar que isto aqui não acontece em um lugar só - isto aqui está no oceano inteiro." O líquido na jarra parece mais uma poça d'água em Manhattan, Nova York, do que algo retirado do Pacífico, tão azul e plácido.
Foi Moore que, em 1997, fez uma descoberta a respeito do oceano que fez alarmes soarem no mundo todo. Ao retornar para casa, na Califórnia, depois de uma regata até o Havaí, ele traçou sua rota pelo Giro Pacífico Norte, uma região conhecida pelos marinheiros como "zona de calmaria". Com cerca de 26 milhões de quilômetros quadrados, a área é local de ventos tropicais e correntes circulares cuja tendência é manter qualquer coisa que entra ali sem autopropulsão durante meses, anos e até décadas inteiras. Ali, perto do centro das correntes lentas, profundas e em sentido horário que formam essa contracorrente oceânica, Moore deparou com uma massa extensa de dejetos flutuantes que ficou conhecida como Grande Mancha de Lixo do Pacífico (em inglês, Great Pacifi c Garbage Patch).
A primeira coisa que é necessária saber a respeito da Grande Mancha de Lixo do Pacífico é que seu nome, que pode trazer à mente algum título de desenho animado do Snoopy, é muitíssimo inapropriado. Na realidade, a "mancha" é um vórtice giratório de uma sopa de plástico, um pântano imenso e fétido de dejetos em que pedacinhos minúsculos de plástico podre se sobrepõe ao zooplâncton - um dos organismos mais prolíficos e abundantes no planeta - na proporção de seis para um. Ninguém sabe seu tamanho exato, nem se tem algum tipo de limite: sua localização e seu formato variam de acordo com fatores como temperatura da água, estação do ano e eventos climáticos importantes como o El Niño. Cientistas estimam que seu tamanho seja equivalente a duas vezes o do estado norte-americano do Texas (ou quase a área do estado brasileiro do Amazonas) - talvez seja até maior - e que contenha cerca de dez milhões de toneladas de lixo.
FONTE: http: www.rollingstone.com.br/
Circulando pela internet um email que mostrava "imagens de satélite" retratando esse lixão flutuante informava que havia 100 milhões de toneladas de lixo nele e que era maior que os EUA. Temos que ter cuidado ao repassar essas mensagens, que podem até ser verdadeiras, como é o caso acima, porém, podem ser muuuito aumentadas...
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